June 20th, 2007XP 2007 – Dia 2
Lean, velocidade, Ferrari e computadores quânticos foram alguns dos temas do meu segundo dia na XP2007: uma palestra pela manhã, a main track começando durante a tarde e muitas coisas interessantes acontecendo.
Lean Software Development – Mary e Tom Poppendieck
Minha programação do dia era assistir outra palestra, sobre Anti-Padrões em Métodos Ãgeis, porém o palestrante não conseguiu chegar a tempo em Como. Isso não é um grande problema para alguém ágil, afinal um plano é apenas um plano, certo? Fui então assistir o tutorial excelente sobre Lean Software Development. Apesar de já ter participado da sessão dos mesmos autores na Agile 2006, pude vivenciar na prática a construção e a análise de um Value Stream Map, uma ferramenta muito boa para encontrar desperdÃcios em um processo.

- Sim, bugs definitivamente devem ser contados na velocidade pois impactam a capacidade de entrega freqüente de software.
- Defeitos não devem ser tolerados. Um processo que permite defeitos é um processo defeituoso. Se você chegar em qualquer linha de produção (manufacturing) e disser isso, eles irão concordar facilmente. No mundo do software isso ainda não aconteceu.
Dentre outros tópicos interessantes que foram levantados no tutorial, destaco mais um: a importância de Respeitar as Pessoas. O Teste de Litmus deve dar uma boa idéia sobre a motivação de seus funcionários: “Quando alguém está chateado com alguma coisa no trabalho, ele reclama, ignora ou tenta arrumar?”. Ainda nessa discussão, Mary falou sobre o papel dos padrões numa empresa Lean: “Padrões são feitos para serem questionados. Servem apenas como base para mudanças”. Na sua empresa, padrões são impostos ou desafiados? (não responda se não quiser – ou não puder) :-)
Keynote: The grand-prix starts at 2 o'clock – A race to race software development eXPerience – Piergiorgio Grossi
No keynote de abertura, o CTO da Ferrari (sim, a equipe de corrida na Fórmula 1) apresentou como eles usam XP para gerenciar seus (diversos) projetos. Apresentaram algumas coisas interessantes como a urgência das coisas (mudança é uma constante. A cada corrida os clientes mudam suas prioridades), a dificuldade de determinar os testes de aceitação (o cliente nem sempre sabe exatamente o que quer. Ex: “Nosso software de estratégia de corrida deve levar em conta a nova regra e devemos usar os 2 tipos de pneu durante a corrida”) e os desafios de lidar com um número pequeno de programadores e diversos projetos (segundo eles, uma taxa de 1:5).Artigos, Painel de Discussão e Outras Coisas Mais…
O resto da tarde foi bem variado. Assisti algumas apresentações de artigos publicados (para ter uma idéia do tempo disponÃvel e para me preparar para apresentar o meu amanhã). Outra parte interessante foi um painel de discussão aberto, no estilo fishbowl. Para quem não conhece, é um estilo de discussão onde as pessoas levantam tópicos e um moderador escolhe o primeiro a ser discutido. Quem estiver interessado em discutir vai ao centro (daà o termo “aquário”) e discute. Qualquer um pode entrar ou sair em qualquer tópico. Após um tempo pré-determinado, o moderador pergunta se a platéia quer continuar a discutir o mesmo tema ou trocar (cada um tem um post-it vermelho e um verde para votar). Nessa discussão aberta surgiram alguns tópicos interessantes:- Agilidade e valor de negócio: cheguei um pouco no meio da discussão, mas uma frase impactante veio do Joshua Kerievsky: “Agile is Dead”. Mais sobre o assunto daqui a pouco.
- O futuro ágil?: Acreditam que deve continuar existindo, assim como muitas coisas “velhas” ainda existem, como Cobol, sistemas legados, etc. Alguém levantou uma preocupação do Ken Schwaber em 2002 sobre o perigo das abordagens ágeis se tornarem tão rÃgidas, estruturadas e burocráticas como aconteceu com outras coisas.
- Como sustentar as mudanças propostas pelos Métodos Ãgeis?: Citaram novamente a importância da motivação, contando a história dos trabalhadores quebrando pedras (não consegui achar uma boa referência, vou deixar a história nos comentários). Comentaram também sobre o perigo da desvalorização dos coaches e das empresas que deixam as práticas ágeis degradarem com o passar do tempo.
Por fim, foi proposto um novo formato de discussão: um “Agile Café” (ou, como alguns preferiram: “Agile Bar”). As pessoas sentam nas mesas do lado de fora do hotel para discutir qualquer assunto relacionado ao mundo ágil e quem estiver interessado pode se juntar e debater o assunto em questão. Se ninguém estiver discutindo, você pode sentar e esperar alguém aparecer para discutir o assunto que desejar. Logo após o fim da conferência, já fui participar de um e aproveitei bastante. Dentre algumas das discussões que tivemos, destaco:
- Agilidade não existe: existem diferentes “sabores” de metodologias. Você sempre discute com base nos sabores que conhece (ou experimentou). Como uma coisa que não existe pode viver (ou morrer)? :-)
- Evolução e Computadores Quânticos: apresentei a idéia do Dick Gabriel sobre design evolutivo (aquele que um humano não consegue explicar ou entender), seus paralelos com a biologia, algoritmos genéticos e tudo mais. Uma idéia interessante (viagem) que surgiu da discussão foi a utilização de TDD para definir o comportamento esperado do sistema e deixar que um algoritmo genético evolua uma solução aceitável. Claro que para evitar a explosão combinatória precisarÃamos de computação quântica, mas não sabemos o que o futuro nos prepara. :-)
Mais um dia produtivo na Itália com muitas idéias e pessoas interessantes. Volto com mais novidades/relatos amanhã (ou hoje, se conseguir conexão no fim do dia).
June 20th, 2007 at 5:31 am
Três trabalhadores watavam quebrando pedras. Alguém passou por eles e parou para perguntar o que cada um estava fazendo. O primeiro respondeu, “Estou quebrando pedras, ué!”. O segundo respondeu, “Estou ganhando dinheiro”. O terceiro respondeu, “Estou construindo uma catedral”.
Essas respostas revelam três tipos de trabalhadores. O primeiro representa alguém que não questiona o trabalho e faz apenas o que lhe mandam. O segundo é mais materialista. O terceiro mostra alguém muito mais motivado. Ao encarar um problema no trabalho, você escolhe: reclamar, ignorar ou consertar?
June 20th, 2007 at 12:37 pm
Na sua empresa, padrões são impostos ou desafiados?
Você sabe onde eu trabalho, preciso responder? ;)
PS: Essa parábola me lembrou de uma tirinha do Laerte (do livro Deus (o primeiro)). Primeiro quadro: Deus e Buda com um tabuleiro de xadrez no meio. Segundo quadro: Buda lá, impassivo, Deus parecendo meio exasperado. Terceiro quadro: Deus perde o controle e diz “Não é por nada, mas você não joga, não??” e Buda responde: “Certa vez, um discÃpulo a caminho de Jaspur…” :) Não sei por quê, acho uma graça gigantesca nessa tirinha :D
June 23rd, 2007 at 12:57 pm
Rbp,
Tudo bem, você pode ficar sem responder essa. Mesmo porque eu já sei a resposta :-)
Quero ver esse livro depois, pareceu interessante =)